sábado, 29 de setembro de 2012

DORAMOR



Não há nada mais deprimente do que a página em branco do word.
Não há nada mais deprimente do que a página em branco do word e um deadline.
Não há nada mais deprimente do que a página em branco do word e um deadline em vermelho pulsante, te denunciando.
Não há nada mais deprimente do que a página em branco do word e um deadline em vermelho pulsante, te denunciando, te julgando.
Não há nada mais deprimente do que a página em branco do word e um deadline em vermelho pulsante, te denunciando, te julgando, comendo com os olhos todas as suas preguiças.
Não há nada mais deprimente do que a página em branco do word e um deadline em vermelho pulsante, te denunciando, te julgando, comendo com os olhos todas as suas preguiças... E toda a sua cabeça como uma gaiola aberta de 100 passarinhos soltos!
Não há nada mais deprimente do que a página em branco do word e um deadline em vermelho pulsante, te denunciando, te julgando, comendo com os olhos todas as suas preguiças, e toda a sua cabeça como uma gaiola aberta de 100 passarinhos soltos, famintos, aflitos, depenando-se uns aos outros, comendo as próprias penas, tendo pena de si mesmo!

Sentir-se deprimido, não há nada mais deprimente que isso.

(Mas dentro do peito, o mesmo desejo, ora tímido, ora tão pulsante quanto qualquer outra coisa: amar tudo isso, abraçar cada sofrimento, seu e do outro, em uma eterna transformação de dor e amor).

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